sábado, 2 de setembro de 2023

 [...]






Estou de frente para o inesperado

contemplando o silêncio de tudo isso. Veja por si, o silêncio. Escute só [...]


As músicas que ele escolheu para tocar naquele dia dentro do carro, ainda estão em mim. Lembro do seu jeito macio indo diminuir o volume do som do carro, perguntando se estava numa altura adequada. Estava tudo ótimo. Era tudo tão limpo, sentia até medo de ir para o lado e manchar alguma parte interna do veículo. Sempre que ele dirigia, parecia atento, parecia distante. Eu viajava no azul dos olhos dele, naquela claridade do dia de algo que, hoje, é inalcançado. Os dias foram velozes, dentro de muitos outros dias ainda velozes. Eu lembro de algumas vezes fechar os olhos e tentar congelar o tempo, mas não conseguia, era demais pra mim. Caetano não canta Leãozinho da mesma forma. Ainda fecho os olhos ao lembrar da minha surpresa  ao vê-lo colocar a musica que eu mais gostava em nosso primeiro encontro. Por mais que seja apenas uma onda eletromagnética em meu corpo, é uma memória que me da forças, não quero perde-la. E o que dizer dessas ondas quando não as alcanço fisicamente? Nada, não tem nada para dizer, apenas sentir. 

Vou senti-lo. 

Em meu peito. Em minha voz.

Em silêncio.







[junior ferreira]

quinta-feira, 21 de julho de 2022

 [...]









Foi breve

            um piscar de olhos


Pra não dizer ligeiro e distante, vou dizer cruel

                                            sobre essa ruptura

Eis aqui, a vontade do dialogo, só minha, só eu

                                                                sozinho

Estão aqui

                as janelas

                            os desenhos

                                    o delirio do seu cheiro

                pelas janelas

                            os quadros

                                        o cheiro dos seus lirios

Estão os sinais

                de que tudo que amamos não é amor

                                                é ilusão da projeção

                                                 inacabada

                                    que a luz do dia

                                    copula

                                               a sua cara palida

                                               seus pelos loiros

                                               sua vontade de nada

                                               meu jeito patético

                                                seu peito distante

                                                seus segredos ocultos

                                                sua indiferença 

                                                seus medos

                                                                num pequeno espaço do tempo    

                                                                dentro de uma caixinha    

                                                                me dizem adeus

                                                                pra nunca mais








[junior ferreira]    

                                                                 






                                                

                                           

                                                






                                    

sábado, 12 de outubro de 2019

[...]















Há um monstro no fundo do poço, um bicho feio mora lá
Ele penetra minha pele, come minha carne e lambe os meus ossos
Deixa-me vazio e me preenche com serragem
O bicho feio me empalha vivo

Enquanto os meus sentimentos  entram em decomposição, o bicho feio torna-se um urubu e rodeia o meu corpo na vontade de comer as minhas vísceras expostas que apodrecendo ao ar livre.

Ele vai comer todo mundo.
O bicho feio esta te esperando no fundo no poço, no quarto de sua casa, dentro do carro, sozinho no parque.

Em algum momento ele vai te encontrar.
Alguns o chamam de remorso
rancor
ódio
câncer

Eu o chamo de saudades.












[junior ferreira]

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

[...]









Os barulhos nunca nos abandona, nem mesmo no silêncio. Tudo o que diz jamais nos abandonar, é mentira. Começaram a gritar na rua por volta das dez da noite. Pela madruga fingiram silêncio, pela manhã eu ouvi malas sendo fechadas, portas batendo, lágrimas de metal fundido chocarem no chão. Não ouvi as palavras sendo pronunciadas com clareza, mas sei que disseram adeus como todas as manhãs efêmeras daquele mês de fevereiro. Manhãs que jamais se repetem e que hoje são somente resmungos.
Nosso amor é líquido, quaisquer resquícios de sentimentos são líquidos. Assumem formas, volumes variados, preenchem lacunas ocas, espaços vazios de forma inequívoca. Ocupam o ar dos pulmões, expulsam o escuro do coração, esculpem vísceras imensas e cheias de remorso. A saudade se liquefaz, torna-se grande demais depois do vazio de fevereiro. Espero, sinceramente, que toda essa sabedoria de aranha possa faze-lo levitar algum dia. Espero que ao procurar  por espaços para preencher com sua alma, sinta na mesma frequência o abandono dos sentimentos verdadeiros, dos arrependimentos, sinta os ecos dos barulhos da sua ausência e as lamúrias das perguntas-não-respondidas saindo do poço profundo no qual me largara. Espero que possa sentir o próprio fel arder os lábios ao se tornar o mesmo pó no qual me tornei dentro dessa tempestade que há de ser veloz.

 I would like to show you something, baby, but I'll stay here inside myself with my hurricanes.







[junior ferreira]

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

[...]







Do que foi arrastado pela chuva, não decantou-se no copo o sentimento mais leve.

Do que ela trouxe
umidade e irreverência natural, só restaram a sua nebulosa evaporação
a limpeza do meio
         o ato dos barulhos do trovão
                 o olho roxo do tornado que engole com fome a nossa compreensão do mundo.

 Com a tempestade, arrastou-se tudo, exceto a complexidade de existir.












[junior ferreira]

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

[...]







Tocaram as sirenes e os loucos bateram as portas. Entraram correndo pelo prédio. Gritos. Barulhos.
A planta que fora deixada em frente a minha porta, morreu. O livro, foi incendiado. As cartas cheias de seu cheiro, estão perdendo o brilho. Minha voz continua rouca e minha vontade de estabelecer uma conexão com o universo paralelo, aumenta a cada dia.
A cada dia quero voar, ir até a Lua.
Voar até os últimos planetas.
Júpiter
M83
Anéis de Saturno.


E mesmo longe e perdido em uma imensidão avassaladora
Vou a Marte.









[junior ferreira]


quarta-feira, 4 de abril de 2018

[...]










Vai chegar o dia em que acordarei
Somente o meu
                          Demônio
Dominará este corpo

Minha sinceridade vai correr quente feito o sangue em minhas veias

Eu vou GRITAR
Cona, na cara da sua mãe
Vertigem, em suas tardes quentes
Piranha, vagaba, sangue-suga-do-inferno, em sua sala de estar

Cuspirei  toda minha mágoa impregnada em meu catarro na sua cara
Quero ver a sua felicidade esvanecer-se em
                                                                     desgosto,
Enquanto danço um tango quente e gostoso em cima de sua tumba










[junior ferreira]

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

[...]











São tantos universos que se somam sem nunca terem se conhecido,
nunca se tocado, ou visualizado a luz da existência.
Mesmo assim se conhecerem,
sabem que tem algo ali, fazendo companhia,
ouvindo os sussurros,
lamentos,
orações.

Nos momentos mais tristes, eu me isolo.
É tão fácil, não preciso recorrer a manual ou a ferramentas inter-galáticas.
Se abro a porta e sento em meu sofá,
o que me encara é a TV, o jornal no chão, Haper Lee na estante.

É trivial sentir-se sozinho, enxergar-se sozinho é
ainda mais banal - e assim as combinações de solidão formam-se.
Difícil mesmo é perceber que essa dor vai ser carregada
até o último dia.
E que a minha sombra vai deixar de me seguir,
o meu gato vai deixar de sentar na janela
e meu violão vai se tornar poeira.

Onde cabe o amor em toda essa trajetória?

Vi num filme, que o amor percorre quaisquer dimensões,
até mesmo aquelas que não conhecemos.

Acho que não faço parte desse universo,
muito menos daqueles que se somam
e se cuidam
e se misturam e viram
apenas
um.












[junior ferreira]

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

[...]












Ontem a tarde terminou vermelha.

O fogo do sol ardia a 8 minutos e 20 segundos luz,

queimando até mesmo a M87 a 100 milhões de anos-luz

acima de nossas cabeças.

Enquanto tudo se acabava em brasa,

sua voz esfriava,

suas frases tornaram-se sílabas - muitas vezes repetitivas.


Estou aqui, no planeta deformado pela gravidade e estrangulado na garganta do nada.

Espero que os momentos de frieza sejam nebulosas leves,
mais que efêmeras e que quanto antes
encontrem os eventos do horizonte e se percam no próprio tempo

naquele buraco indomável

violento

infinitesimal











[junior ferreirs]




domingo, 15 de janeiro de 2017

[...]










Às vezes perco o meu eu

em micro-espaços

                      momentâneos soluços

leves descontrações

                      um piscar de olhos

Instantes estes nos quais

o delírio torna-se meu reflexo

revelando a verdade de que a minha mente é o meu maior barulho.












[junior ferreira]




quinta-feira, 24 de novembro de 2016

[...]












Se o dia acabar triste, tente envelhecer mais.

Se a terra tremer, faça como o de costume.
Vá para a rede, leve um chá - ou uma água, música, violão -  e finja que o dia
é tao banal quanto a força que nos impulsiona,
aquela mesma que exala da pele
e nos motiva a continuar caminhando
cada vez mais,
sem nunca parar.












[junior ferreira]

segunda-feira, 11 de julho de 2016

[...]


















E se não conseguir mensurar
o infinito ou
atravessar todas as propostas e
hipóteses de universos
múltiplos,
vou criar em um só compasso
a máquina de inventar mundos.
Construir bilhões
de planetas, entre tornados
e gigantes gasosos,
incontáveis galáxias
e fronteiras infindáveis.

Meu mundo será inteligível,
palpável e perceptível ao olho nu.
Será meu único e maior problema.
















[junior ferreira]

segunda-feira, 20 de junho de 2016

[...]














A minha casa agora tem cheiro de gatos.
Resolvi, as quatro da madrugada, pegar as minhas
tintas e pintar a parede da sala
de vermelho,
a parede da cozinha de relógio,
e a varanda de bolo de cenoura.
Quero os cômodos
da minha infância e
o cheiro de café
que minha mãe fazia sempre
as oito da manhã.
Ah! esqueci de dizer sobre as cores do quarto...
neste cômodo vou jogar qualquer coisa,
só serve para dormir,
acordar e sentir o sol
arrebentar as cortinas
e tingir de amarelo
os meus dentes
em minhas manhãs
que se tornaram
mais velozes que a própria luz.
















[junior ferreira]

sábado, 18 de junho de 2016

[...]












Se esquecer fosse fácil
seriamos menos voláteis,
dispersos,
opostos,
teríamos um processador de dados no
lugar de um coração.
Seriamos, na verdade,
extremamente sortudos
por conseguir
dilacerar aquilo que
tanto causa
a tormenta do dia,
memória.
















[junior ferreira]

quinta-feira, 2 de junho de 2016

[...]














Só não se perdeu na metade, porque a metade não existe.
Só não viu o outro lado do Universo devido a assimetria.
E se ele não tem lados correspondentes, eu também não tenho,
você também não, ninguém tem.
A recíproca foi algo que se consumiu, desapareceu,
e o amor, ah o amor (quanta imaturidade falar sobre o amor)... Quantas vezes amamos sozinhos,
acreditamos sozinhos
e choramos por uma resposta que refletiria
tudo na mesma metade?

Bilhões e trilhões de vezes, eu respondo.
Se o amor fosse simétrico, não cairíamos
na efemeridade
de um buraco solitário
e escuro que
se acaba
na
singularidade
perplexa da não existência
de sua própria e verdadeira
dualidade.
















[junior ferreira]

sexta-feira, 13 de maio de 2016

[...]












Surgimos de um certo improviso debochado,
pressuroso,
volúpia,
efêmero.

Se for contar todos os detalhes
daquela noite em que sentamos na beira do lago,
e você disse que iria embora, demoraríamos a  mesma eternidade
em que a cópula nos trouxe.
Melhor deixar esses detalhes de lado
e ser mais simples, dizer que vai fazer falta,
que vai ser diferente,
que todas as coisas mudarão, inclusive aquilo
que denominamos de esperança.













[junior ferreira]

terça-feira, 26 de abril de 2016

[...]











Disseram que o amor estava em seus olhos
quando o fitei.
Contudo, não existiu nada além do vácuo.
Foi assim que descobri que eu não era o que esperava,
era menos, muito menos.
Repensei sobre o que, na verdade,
eu deveria ser
ou
devo ser.

Venho refletindo por semanas,
aflito e desconexo.
Quero filtrar seus sorrisos
e enxergar aquilo que não conseguirei ver
em mim mesmo.














[junior ferreira]














segunda-feira, 18 de abril de 2016

[...]














Quero dizer o quão ridículo você é,
isso chega a me assustar, na verdade.
Poderia usar duas ou três palavras,
ou até mesmo uma única, ridículo.

Vive dizendo por aí que sou sentimental,
que dou carinho demais,
e que me entrego além do normal (se é que existe algo normal). Contundo,
nunca deixou de ser ridículo.

Embora tenha ido cedo demais,
causou danos a quem lançou olhares. Causou estragos na cidade,
a estranhos, a tudo que tocou. Te vejo
numa metade cruel,
mas te quero na outra metade,
naquela parte onde o coração rasga, e tudo caçoa da minha existência.

Toda a esperança de não se acabar
na singularidade
do buraco, se rompe em barulhos
na parede vermelha
de mais uma tarde
veloz.













[junior ferreira]



quarta-feira, 23 de março de 2016

[...]












E dizer por aí que nossa ilusão esta a morrer, meu caro, pode ser verdade

Lá fora a Terra treme, a cidade gira, as crianças nascem com três olhos,
a luz ainda está em cima de nossas cabeças, penso eu.
Provavelmente, enquanto escrevo minhas ideias,
no outro lado do mundo ou ali mesmo na esquina da rua,
alguém está acordando, indo dormir, dando gritos de terror,
tendo orgasmos múltiplos, sorrisos de engasgar.
As luzes podem mudar de direção, os cabelos de tamanho e cor,
mas é impossível viver nesse mundão de Deus e dizer que tudo
não está esquisito. Tudo anda muito esquisito.
A cara do mundo se tornou essa coisa assimétrica
que ronca nas noites e beira o dia com um olho gigante de fogo.
O mundo tem girado de uma forma esquisita realmente, como se toda manha acordássemos dentro da garganta do furacão e todas as noites pegos de surpresa pela mandíbula do tornado avassalador

O mundo, meu caro, anda muito estranho.
















[Junior Ferreira]


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

[....]












Se afastaram de mim
porque eu tinha gosto de pedra.
Não era indiferente, mas também não gostava.
Tentei ser metade daquilo que sonhei,
e não foi suficiente.
Quando me aproximei e fingi gostar,
me vi amando,
abraçando outro corpo e gostando mais
de outro, do que de mim mesmo.
Nas noites frias, fui o vendaval que gritava lá fora.
Fui aquela coisa que saía correndo pela rua,
machucado, dizendo que o mundo
estava prestes a acabar.
Acreditei veemente que a lua
cairia na terra
e que de todos os olhares,
o seu era a única certeza
que cobriria
o meu desespero.


















[junior ferreira]








quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

[...]













Caí do quinto andar, e me tornei pó.
Quando sopra o vento,
sou poeira;
quando caio no mar, sou oceano.

Sou metade, agora, daquilo de quando fui outro.
Nem poeira, nem oceano,
apenas
uma borboleta transparente,
singular,
simbolo do caos e de tudo
que norteia a minha
existência












[junior ferreira]



quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

[...]













E vai surgir o momento
em que vou gritar por esperança
e as estrelas vão ouvir o som
gutural da minha voz
explodir
entre milhões de constelações
em todo o universo












[junior ferreira]

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

[...]














Quando a luz se desfaz
eu crio o meu segundo mundo.
Os armarios criam braços,
a cortina que balança
projeta diferentes sombras
na parede
e consigo ver os monstros
que invadem o meu quarto
arrancarem o meu sono.

A minha preocupação flutua
entre os barulhos que se intensificam
e as vozes que sussurram,
quando na verdade,
o pior de todos os fantasmas mora
dentro da minha imaginação,
e faz existir
todas as coisas estranhas
que acontecem
incessantemente
em minhas madrugadas.












[junior ferreira]

domingo, 6 de dezembro de 2015

[...]














O estado de espírito, na verdade, flutua
entre a condição de aceitar e a de ser feliz,
quando na verdade, a felicidade é apenas uma condição
momentanea,
algo que satisfaz apenas o gozo do instante
entre o início e o fim de uma emoção que nos paralisa.

Se tiver sorte, vou mesmo lavar a tristeza da cabeça.
Ligar o rádio e ouvir um jazz
enquanto balanço na rede
num fim de tarde vermelho,
como os nossos sorrisos
que congelaram todos os momentos,
perpetuando-se
em apenas
uma palavra, efêmero.













[junior ferreira]

domingo, 29 de novembro de 2015

[...]

















Quando bate a saudade,
eu rezo, faço promessas,
fico ajoelhado e se não funcionar
faço macumba.
Se ainda sim nada preencher o vazio, ah!
Desisto! Posso ser velho,
criança, adulto,
tornado,
ou borboleta. A ausência é inevitável.















[junior ferreira]

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

[...]














O mundo gira veloz
e meus cabelos
caem a cada dia mais.
Essa saudade e esses barulhos que não cessam,
me tornam um fantasma
imerso na vertigem da manhã.
E o susto,
ao ver minha imagem refletida no espelho,
me faz questionar
o porquê de eu ser eu.


















[junior ferreira]

terça-feira, 17 de novembro de 2015

[...]














Tento disfarçar a tristeza
como a ferida aberta embaixo da blusa,
embaixo da jaqueta,
sob a calça jeans desbotada.
O rasgo que ninguém vê ou consegue sentir
na mesma intensidade
que eu sinto e vejo,
se acoberta em meu sorriso vesgo
e espalha uma ideia de felicidade,
para não dizer o que se esconde sob a roupa,
sob a camisa,
dentro do peito.












[junior ferreira]

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

[...]

















Descobri que as pessoas pensam mais rápido do que eu.
Sou o mais lento,
presto atenção na cor da parede,
nos detalhes do piso,
por onde estou pisando,
depois me esqueço de tudo,
de tudo mesmo.

Quando retorno ao ponto inicial e tento repetir
toda aquela caminhada,
a vontade de se reinventar se torna contínua,
cada emoção vivida
se torna diferente,
excitante,
cada ar que respiro
é algo novo,
nao tao jovial,
entretanto,
singular
e desconexo de qualquer realidade já imaginada.

















[junior ferreira]













domingo, 25 de outubro de 2015

[...]


















Deixo de existir
por alguns segundos,
a Terra continua a girar,
o Universo continua essa bagunça,
os transeuntes continuam,
os sentimentos não param
e minha insignificancia soma-se
aos outros que compartilham
da mesma experiencia de se desaparecer
e continuar existindo
em pensamentos,
em matéria,
vertigem.















[junior ferreira]

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

[...]


















Somos o próprio mistério de sermos essa borboleta
rosa chumbo carvão
sem memória
com um coração onde também cabe a poesia
de asas gigantes
e destorcidas
somos, por conseqüência de existir,
uma metamorfose
dentro de bilhões e bilhões de metamorfoses
















[junior ferreira]


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

[...]














Deixamos nosso café pela metade
e decidimos viver como se fossemos desconhecidos.
Vestíamos roupas estranhas,
usávamos cabelos cheios de caramujos
e escolhemos os tentáculos ao invés de braços e pernas.
Nos tornamos aliens em nosso próprio mundo,
desconexos de nós mesmos,
distantes até mesmo um do outro.
              Com o passar do tempo,
              nossa mentira
              se tornou real
              e nossa existencia,
              singular.













[junior ferreira]

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

[...]













Quando o vi, pela ultima vez,
de longe, no final da trajetória,
acenando,
Parecia tentar dizer alguma coisa
com aquele olhar que diz
que haverá um momento
singular
no qual os nossos sorrisos
trocarão a derradeira lembrança viva
de estar perto um do outro

















[junior ferreira]

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

[...]














Posso contradizer ao meu corpo
minha ânsia
contudo a vontade permanece a mesma
a canção mantem-se
minimalista

Se esquecer de quem sou
minha filosofia morre
e com ela
minha ideia de existir
de existência

Tenho uma luz no coração
que se abre levemente
aos poucos
posso iluminar a alma de quem esta
ao meu lado
embora a minha continue nas sombras

Se me fizesse apagar a memória
iria agradecer
Se não fossem pelos meus pais
se não fossem pelos tempos
que passei e me senti feliz
se não fossem pelas
                                horas













[junior ferreira]

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

[...]













Há dias que tenho medo
de morrer
de somente em pensar que irei morrer
Poucos outros dias que não ligaria
de me acabar no mundo

Se eu pudesse dar um grande grito no espaço
e se o meu som propagasse no
vácuo
Gritaria até milhões de anos luz ouvirem o estardalhaço
da minha voz e a loucura
do meu sentimento
de querer desaparecer















[junior ferreira]

domingo, 23 de agosto de 2015

[...]













[...]









O que chamamos de infinito
é essa ideia feliz de que temos da vida,
um positivismo utópico
de que tudo
é válido para viver sorrindo,
se de fato quando mortos
toda possibilidade se romperá no derradeiro
                                   suspiro, e não acharemos a mesma graça
                                         ou teremos a mesma percepção da felicidade
                                                de quando éramos vivos



















[junior ferreira]





terça-feira, 21 de julho de 2015

[...]












Sentamos na praça
no centro de Boston
As pessoas apressadas
desciam e sumiam na avenida
Algumas paravam, fumavam, entravam em carros estranhos, taxis
Não há paz numa cidade em caos de pessoas
desesperadas
com um rastro gigante que nos deixam curiosos pra saber de onde vieram
e pra onde estão indo

Pegamos uma comida de um trailer parado perto da praça
na metade do prato
o "amor" surge ao assunto
Entre frustrações e decepções que tentei desabafar naquela tarde
ouvi algo que estremeceu os meu ossos
O Amor também é substituível


















[junior ferreira]

sexta-feira, 19 de junho de 2015

[...]

















Quero aprender a viver de uma maneira a saber desconsiderar tudo o que vivi e julguei algum dia importante. Saber manipular o meu estresse e entender a vaidade como apenas um adereço cru e sujo, transmitido pela alma. Deliberadamente, quero saber apagar a memória, escurecer os sorrisos que compartilhei, quero lapidar a vida como se simplesmente as lágrimas que ver cair, não tenham sentimento algum. Quero ser igual a você, frio e calculista; usar sal demais na comida e ainda dizer que está temperada; conseguir diminuir pessoas e se enxergar no próprio reflexo como uma presença imponente. Fale como consegue, pode ser através do pensamento inevitável e repulsivo que transmite para si mesmo quando transpira, pode ser no plural ou soletrado, contudo me ensine a não ter mais sentimentos, inclusive por quem pensamos amar ou ter amado algum dia.













[junior ferreira]

quarta-feira, 29 de abril de 2015

[...]















E se perguntarem por mim
diga que saí por aí
Fui a padaria
ou a esquina pra ver se encontrava um amigo
Algo ou alguém que não me diminua sem critérios
que não seja efêmero e veloz como todas as manhãs de Janeiro












[junior ferreira]


domingo, 5 de abril de 2015

[...]














É inegável o fato de eu estar saudoso
quando não tenho o seu cheiro - da sua nuca -  por perto
e os meus travesseiros não desempenham tão bem o papel como deveriam

Estou saudoso
porque sinto a falta do
calor dos seus braços
sua barba
pernas
corpo
rodeando meu
corpo
pernas
baba e o
calor dos meus braços















[junior ferreira]
[...]














[O medo também é relativo]

Se me perguntar do que tenho medo
diria de cachorros ferozes
de morrer sozinho
Tenho medo do escuro - eu confesso - e de ser abandonado no meio da noite
medo da solidão
medo dos meus pais me deixarem
da minha irmã nunca mais voltar
dos meus amigos evaporarem
Medo de não conseguir mais sentir medo

Neste momento se me questionar sobre o que tenho medo
eu responderia que
tenho medo da inexistência de uma reciprocidade

Contudo, tudo isso se resume a este instante
o qual em alguma parte alguma há de ter respostas
e haverá de ser recíproco de alguma forma

[Nesses momentos sinto medo de não ter esperança]


















[junior ferreira]

sábado, 4 de abril de 2015

[...]














E teria algum nome para o amor
que fosse diferente de
amor - propriamente dito -
diferente de aflição
de desespero
paixão exacerbada
cegueira
falta de ar
vertigem
paranóia
obsessão
possessão
efemeridade
incalculáveis
                    borboletas no estômago?

Algum termo para desdobrar essa ideia
de que o amor realmente existe
e não pode ser traduzido em diversos sinônimos
ou perder o significado que só entendemos
quando somos tocados por ele?

Existe?

Eu chamaria de simplesmente Amor
Algo líquido ou que assume o estado líquido
para se moldar as nossas necessidades
ou ao nosso destino
Contudo, não um líquido que se evapora ou escorre por nossas mãos
mas sim, menos efêmero
um líquido-sólido
leve
que se expande com a idade
e aumenta para o infinito
e além de qualquer
imensidão que possamos
nos atrever a imaginar

















[junior ferreira]











sexta-feira, 3 de abril de 2015

[...]



















Um cheiro que não pode ser explicado,
não pode ser definido em adjetivos,
mas é sentido em cada profundidade
harmonia
silêncio
como se pudesse ser palpável
modelado em origamis e diferentes formas usando uma aquarela.
O cheirinho, como gosto de dizer
vem da sua nuca todas as noites
atravessa seus braços
pernas
costas
penetra em suas camisetas
e perfuma minhas roupas
minhas mãos
impregna-se em minha mente
fazendo-me transpirar seu suor
a cada momento em que seu sorriso e alma
tocam a minha memória
em alguma parte dessa saudade
que o tornou singular



















[junior ferreira]

domingo, 29 de março de 2015

[...]



















A ruptura não é somente a partida
ou uma despedida sem palavras
é o inicio e o fim de algo que não sabemos explicar
que não entenderemos nunca
como começou e como findou
O derradeiro suspiro explica uma ruptura
um afastamento, é por si, uma ruptura

Romper-se e deixar de ser imutável
é aceitar a vida e o amor como realmente funcionam
coexistem e rompem-se em milhares
bilhares
infinitas
possibilidades de um novo começo
um novo existir
uma nova borboleta
















[junior ferreira]

sexta-feira, 20 de março de 2015

[...]














Janeiro
Ruptura e partida na manhã veloz de Janeiro
Quer dormir e Janeiro insiste em manter-se em alerta
Não quer parar
desistir já não quer mais

Fevereiro
Desistência
Não luto mais pelo que não consigo ganhar
nem com mil exércitos nem em inifitas batalhas
Mês curto e infindável

Março
Misterioso e alheio as desavenças de Janeiro
Um sorriso que encanta
invade a manhã de
Março
rompendo Fevereiro e
fazendo com que as minhas noites
façam-me acordar ao ouvir a sua voz

O sentido que achei em Março
não quer morrer
não quer parar
quer ir além
para alguma parte
                           alguma

















[junior ferreira]
[...]

















Ouvi boatos de que as flores se atrasariam
duas horas para chegar
E toda a minha roupa - ou indumentária se prefere palavras rebuscadas -
já estaria amarrotada quando aparecessem por aqui

Falaram, feito telefone sem-fio, sobre um tal de não-sei-quem
Disseram ser alto
magro
sério
e muito inteligente
No final, mudaram de ideia sobre sua aparência

E quanta conversa atravessada havia naquela sala
Falavam de outras flores do quintal
como se fossem as melhores do canteiro
Distorciam fatos como se fossem únicas
e pintavam as folhas como se tivessem unhas
Sem falar na mudança de humor repentina
quando os feixes de sol entravam através do balançar das cortinas
Já exausto
resolvi desistir daquele papo massante

Abri as cortinas
e deixei o Sol entrar
ficando apenas as flores que realmente faziam algum
                                                                                sentido algum
       












[junior ferreira]

quinta-feira, 12 de março de 2015


[...]










Veio como relâmpagos numa madrugada
e disse sentir saudades

Se não fosse pelo gosto amargo do resto de cerveja
que se metabolizava em sua boca
haveria mais sinceridade

Se o humor não mudasse constantemente a cada 30 minutos
Eu acreditaria
em suas palavras

Se soubesse acenar do outro lado da rua de uma forma menos pretenciosa
Eu não perceberia
que na verdade
a saudade que sentia era do meu corpo
lábios
pernas
cona












[junior ferreira]

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

[...]















Procuro por algo que me faça sumir
Pode ser uma ilusão de desaparecimento
uma ideia de como construir algo que me faça
                                   desmanchar em partes infinitesimais
                                                                        incalculáveis
                                                                        assimétricas

Um quebra cabeças que nem mesmo os mais intelectuais e estudiosos
conseguiriam terminar, nem daqui a milhões
                                                                       bilhões
                                                                                  quatriliões de anos
nem mesmo se fizesse chover terra
                                                       estrelas
                                                       ou
                                                       acidentalmente
                                                       desdobrassem o espaço-tempo




















[junior ferreira]

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

[...]











Não há sinceridade em seus sorrisos.
Não há como dormir em seus braços novamente.
Não sentirei sua pele me aquecer pela madrugada.
A volúpia, que antes crescia com o seus olhares,
não arde mais,
nem ao menos interrompe
um sentimento que não somos capazes de explicar.

Não quero morrer.















[junior ferreira]

domingo, 4 de janeiro de 2015

[...]














Vivo
cheio
de

S
a
u
d
a
d
e
s
















[junior ferreira]

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

[...]












Foi em Setembro
que reabri suas cartas - aquelas que escreveu antes do carnaval -
e me esqueci que estava vivo
Fui morto em Setembro
por algumas palavras que voaram
como tiros
num silêncio que nem no mais profundo local do oceano
pode se conseguir.
Espero ver borboletas azuis
em breve
ou cores novas que podem se desdobrar
numa ilusão descontrolada
e metamorficamente
construída em sensações
de uma epifania











[junior ferreira]


[...]












Sinto falta de pessoas boas na vida.
Daquele cheiro de abraço
e daquele sorriso de que não quer partir.

Sinto falta da vida.
Não essa, a qual apenas se sustenta nas pernas,
mas a falta de viver em si.

E se falar o quão saudoso
nos tornamos em relação as coisas boas da vida,
gastaremos a eternidade
mencionando momentos
e memórias que nos deixam
nostálgicos e com um sorriso
paralizado no rosto.















[junior ferreira]

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

[...]














Tenho barulhos de mil pássaros em minha cabeça
e de nenhum barulho
senti o seu desafinar

Tive mil barulhos em minha mente
quanto bem te vi milhões de vezes
e bilhões de vezes
repeti que seriam
apenas nossos aqueles barulhos
que lamentavelmente
eram bem-te-vis gritando
e rumorejando
lampejos
verde-musgo
que destroem
sonhos
e aniquilam felicidades

Bem que te vi na rua
de camisa polo verde
com aquele perfume
que usou mil vezes
e o senti milhões
de vezes levando-me a transbordar em esféricas sensações
de que queria-estar-com-você e
não apenas bem-te-ver
                                   por dentre as copas de árvores
                               onde há rumores
                          de que os pássaros
                     um dia, quem sabe, vão parar de cantar
               e repetir entre trilhões e trilhões
       que o seu olhar ainda não se evaporou da minha mente
Não sumiu ainda aquela sua imagem
suado, se mexendo na cama, esquivando dos seus pesadelos
sendo o que conseguia ser só comigo
dizendo que
                  quando bem me via
                  Eu era apenas um
                  sabiá
E você um bem-te-vi
                             
                                Que não vejo mais

















[junior ferreira]

[...]














Desejei muito que este mundo se explodisse
em mil pétalas
                      ontem a noite.
Nada disso, claro, aconteceu
ao invés disso
                     turbilhões de sentimentos
                     acontecem dentro de mim
                     e o que resta é o olho do furacão
                     que nada sente da tempestade
                     mas a tudo consegue ver lá de cima
                     Se as destruições fossem entendidas
                     em poucas palavras
                     não estaria eu aqui, gatinho
                     escrevendo mil poesias
                     as quais cabem você em todas
                     e todas elas
                                       dentro de uma caixinha
                                       que guardarei embaixo da cama
                                       junto a poeira
                                       e outras coisas que não quero perceber a existência














[junior ferreira]

domingo, 23 de novembro de 2014

[...]














Não quero suportar esse karma, não mais
Não me pediram pra entrar
                            Simplesmente deram-me flores e disseram pra respirar
o perfume
               sentir o gosto do nectar
                                           e se afogar na paixão
                                           que romperia a minha vida
                                           em terremotos
                                           maremotos
                                           tempestades
                                           furacões
                                           cancer
                                                    vertigem
E o final dessa tarde de domingo
                                                     numa borboleta azul











[junior ferreira]



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

[...]
















Tenho um amigo que se foi pra Bahia
Lá na terra onde as meninas
são arretadas desde o berço

Meu amigo
                 Dança
                         Na praia, na vida
                                         Na estrada
                                                  transmitindo os sentidos 
                                                   através do movimento
                                                    do corpo
                                                           dos barulhos
                                                                 de uma borboleta azul
                                                                                                                       

Meu amigo dança
Nos lugares mais improváveis
                           e inimagináveis 
                                     que traduzem a beleza
                                                  numa verdade
                                                       que diz que

                      a vida, por ela mesma, não basta
















[junior ferreira]

sábado, 15 de novembro de 2014

[...]











A pedra, disseram os filósofos,
É simplesmente uma pedra
Rocha feito de pedra,
Barro
           Argila
                     Metal fundido
Se encotras na rua com esta, não te demores a curvar
Ou a pular

Este mero obstáculo
Essa pedra
Não fere e nem queima caso queira toca-la

Quero que tudo
Vire sólido
                   E essa saudade que arde
Torne-se apenas uma materia possível de se ignorar
                                                 Assim como se igonora uma pedra
                                                                                      Ou uma pétala azul
                                                              De uma flor modificada em seus múltiplos termos














[junior ferreira]

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

[...]













Brincávamos entre milhares
no meio da rua
Ninguém se importava
se os carros ou motocicletas
viessem na mesma direção
acabando com o fluxo dos que corriam pra lá e pra cá

Brincávamos sem medo
pulávamos os passeios
e escorregávamos, as vezes, de cara no chão.
Não existia machucado naquela época.
Os barulhos, eram tambores
freneticamente acertados ao ritmo veloz dos nossos corações.

E quando a tristeza batia, nem mesmo nos acudíamos
Convidávamos a entrar em ressonância
com a nossa inoscência
e mostrávamos aquele samba
que nasceu com nossos pés
numa alegria
que contagiaria até mesmo os
que esqueceram de que um dia existiu a infância.

















[junior ferreira]

sábado, 8 de novembro de 2014

[...]











Use o seu Português chato e massante
para ir além do universo
e pisar nas estrelas
diminuindo
o brilho dos olhares
e a perfeição dos sorrisos honestos

E com essa língua de fogo
e um idioma rebuscado
ache o que tanto persegue
no mais profundo
e derradeiro
lugar da terra
Que se afogue em lamas de sentimentos
e evapore junto as suas lágrimas
de desespero
quando se ver sozinho
e desamparado
naquele lugar frio e escuro
no qual nem
mesmo a solidão jamais pisaria.













[junior ferreira]

terça-feira, 28 de outubro de 2014

[...]


















A tempestade veio pacotes de ânsia e
distribuiu-se por toda a cidade
deixando a todos
nesse nervosismo que nunca se abala
ou cessa num único estrondo
fazendo com que as montanhas
possam abraçar cidades
e percorrer o mundo
inteiro
deixando rastros
por onde passa
e recados de que a vida, por ela mesma, sozinha, não basta
não se faz existir
ou coexistir em suas milhares de possibilidades
e opções
entre o sim e o não de uma pergunta arbitrária
concisa, mentirosa, enfática, reflexiva
em sua consistencia
e pesada em sua essência
desvirtuada entre milhões e trilhões de alternativas
destroçadas pela única vontade
de se ver brilhar
naquele ponto, no qual tudo é perfeito e
singular
















[junior ferreira]

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

[...]













Saudades dos barulhos noturnos
e do nosso suor
grudando e descendo pelo corpo
num calor tão forte
sob o vento de um ventilador que apenas se fazia girar
as memórias de ontem
dentro de uma mensagem
de um aceno
ou de um sorriso
vindos do outro lado da rua
em nossas
passagens e recordações
de tardes quentes
e efêmeras
















[junior ferreira]

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

[...]


















Venho escrevendo asneiras
atras de asneiras
sem pensar por onde poderiam ter surgido
Cada palavra ligada a uma pessoa diferente
a um momento
                      singular
Misturadas desde o inicio
vejo que o tempo
é necessariamente relativo
existo em meu futuro
em meu presente
e passado
todos com a mesma intensidade
e todos ao mesmo
instante
















[junior ferreira]

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

[...]















Ainda bem que a dor passa
Uma hora a paixão se evapora
e a amargura vai embora

Os momentos que ficam, Ah! Esses momentos que vou levar comigo
para a eternidade
E na eternidade reafirmar a singularidade
da única coisa que é certa
a morte












[junior ferreira]

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

[...]
















Me perco na imensidão do seu peito
ao me desdobrar pelo seu corpo
seus cabelos
pernas
braços
Me perco em tudo que tenho direito enquanto você
dorme e não percebe a minha presença.















[junior ferreira]

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

[...]











Como a cauda singular do cometa
vejo em seus olhos a erupção de coisas que tenta esconder
sinto em seu hálito os tornados que provoca em sua lingua
em sua saliva
E em seus lábios verde-violeta-amerelados
que tanto preciso ver brilhar
nas noites sem luz e vento
vejo o arco-iris que irá iluminar minhas manhãs.














[junior ferreira]

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

[...]















Não que eu não gostasse de você, não era isso. Você entendeu errado, garoto ou garota - como quiser entender. Resgatou outros sentimentos, pensando que não haveria nenhum para resgatar. Atribuiu adjetivos aos móveis do meu quarto e me abraçou de madrugada. Pela manhã fez meu café e se despediu com sorrisos múltiplos de alguém que me veria mais vezes ao dia, ou pelos amanhãs ou pelas próximas semanas e reencarnações suscetivas, imediatas e infindáveis. Me encarou como se quisesse me penetrar mais profundo e comeu da carne que tanto queria. Em Maio, começou a enviar suas cartas, em Agosto já estava determinado. No final de Setembro ocorreram tempestades, relâmpagos, rumorejos, resmungos e então se confundiu em sua própria cabeça. Eu, deste lado de cá, já não sabia mais o que era sentimento ou o que era invenção. As cartas perderam os motivos e minha cabeça embaralhou-se em diversos universos prolixos e sem luz. Me encontro sozinho, agora. O remorso bate na porta e as vezes digo que estou - mesmo não querendo dizer que entre. Rancoroso, em algumas manhãs ou partes do dia, o meu tom ao dizer boa tarde se manifesta com angustia e raiva. Tento entender o vazio como os poemas singulares que saem dos pulmões, fígado e vísceras inúteis. Prefiro pensar que tudo é uma questão de vento ou furacão nesse barquinho no qual navego lentamente a minha vida.
















[junior ferreira]

domingo, 21 de setembro de 2014

[...]












Se me ligarem, diz que saí por aí.
Fui levar o vento na rodoviária
e dar um passeio de barco com o meu furacão,
ver os olhos do redemoinho envolver a minha guitarra
e cantarolar borboletas em meus ouvidos.

Diz que ja volto com a comida do beija-flor,
e com as estrelas que dormiram em suas costas.











[junior ferreira]

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

[...]
















Que venha sem se programar como o meu despertador.
Banal como dizem os meus sorrisos,
que deixo nas vitrines de jornais e livrarias por aí.
Quero que exista em papéis de guardanapos,
em cartas de papel amassado,
o amor singular, simples e jamais efêmero.













[junior ferreira]

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

[...]
















Torno-me irreconhecível a cada dia
não reconheço tantos rostos como antes
e a cada momento vejo mais estranhos
pela padaria
ou pela cafeteria da esquina, na qual bebo o meu café-com-leite
e deixo minhas escritas se esfriarem em papéis de guardanapo
em cima da mesa de madeira
ou nos ventos velozes
feitos através das asas de uma borboleta azul














[junior ferreira]












segunda-feira, 25 de agosto de 2014

[...]














Quero a tarde veloz e vermelha
que os teus cabelos coloriram em fevereiro.
A cadeira em que a sua avó balançava na varanda - a qual rodeava a casa -  e incendiou
a tarde em lilás junto a tua juba, em janeiro, quero que os barulhos a tragam novamente.

Aqueles que querem e preferem sofrer,
se isolem
e vão para longe de Agosto,
mês no qual a paixão desesperada
bate na porta daqueles mais desajeitados
e perdidos em suas próprias poesias.
















[junior ferreira]

terça-feira, 19 de agosto de 2014

[...]







Essa coisa que não se explica
e as vezes cai pelos cabelos e passa pelos ouvidos
e volta dos pés a cabeça em frêmitos,
volta em lágrimas e vento,
em furacões de fogo,
agonia e felicidade.
Mistura tantos outros sentimentos e sensações que me faz perder em meu próprio tegumento,
limitando-me a entender
aquela mesma coisa que sai da cabeça e navega o corpo
sem deixar rastros,
marcas físicas,
registrando a existência
em infindáveis gemidos inflamáveis.









[junior ferreira]